Exercício do Perdão

 

 Perdão

 

   Também precisamos de um avivamento para que os cristãos possam abundar em conhecimento e graça. Sabe o que é graça?  É um favor imerecido; implica amar mesmo sem ser amado. Amar o outro não porque este nos ama, mas por causa do amor de Deus que está em nós.

   Esse era o tipo de amor que Paulo sentia pelos irmãos de Corinto, mesmo por aqueles que não o entendiam e o criticavam. É o que entrevemos na declaração dele em 2 Coríntios 12.15: Ainda que, amando -vos cada vez mais, seja menos amado.

   Na prática, é esse amor gracioso de Deus, o amor ágape, que nos permite perdoar o nosso próximo quantas vezes forem necessária, não importando a gravidade da ofensa.

   Não me refiro a perdoar apenas quem nos destratou num momento de crise, quem falou mal de nós porque não nos compreendeu, estava chateado ou com inveja, quem não pagou o que nos devia. Há certos tipos de perdão que são bem mais difíceis de liberar. Não é fácil perdoar o assassino de um filho nosso, um cônjuge que nos traiu, um pai que nos violentou emocionalmente e/ ou fisicamente. Nesses casos, só estando repleto da graça de Deus. Mas, mesmo assim, o Senhor requer isso  de nós. Esta é a condição para também sermos perdoados e restaurado por Ele.

   No Pai Nosso, a oração modelo, Jesus pediu: Pai, perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Mt 6.12). E ensinou: Se, porém, não perdoamos aos homens as suas ofensas, também vosso Pai não perdoará as vossas ofensas.

   Sabe por que, até na igreja, há muita gente com câncer, depressão, insônia, problemas nervosos e doença psicoemocionais?: Porque não quer liberar 

perdão para o pai ou mãe que a maltratou na infância, para o amigo, o sócio ou o cônjuge que a traiu. Prefere alimentar o rancor e deixar a raiz de amargura contaminar todo o seu ser, em vez de clamar a Deus, pedir ajuda do Espírito Santo, perdoar quem a ofendeu, a fim de ser liberta e curada para a glória do Senhor.

   Não é fácil perdoar. Somos nós quem sentimos a dor, a humilhação de uma ofensa. Mas, se Jesus foi capaz de morrer em nosso lugar, e levar sobre si as nossas ofensas e nossos pecados, e interceder por nós na cruz, dizendo: " Pai, perdoe-os, porque eles não sabem o que fazem", quem somos nós para nos recusar a perdoar quem nos magoou e ofendeu?

   Perdoar não é o mesmo que dar um tapinha nas costas de quem nos feriu e dizer que não foi nada. É assumir que doeu, mas que estamos dispostos a superar a dor, a mágoa, a humilhação, e a dar a outra face, outra oportunidade de a pessoa ser relacionar conosco de forma diferente.

   O perdão é composto de dois elementos: um, natural, que depende da nossa escolha; e outro, sobrenatural, que é da competência divina, o milagre da cura pela ofensa que sofremos ou que causamos a outrem.

   Quando esses dois elementos, a vontade humana  de perdoar e o poder divino, unem-se, há perdão e cura da alma, das emoções; as feridas são cicatrizadas, o inconsciente fica sarado, e o nosso amor-próprio é recuperado. Somos libertos de todo sentimento de amargura, ficamos aliviados, e podemos seguir em frente a ser tudo o que Deus projetou para nós.

   Há momentos em que só conseguiremos perdoar se fizermos como Jesus fez: se renunciarmos a nós mesmo, suportarmos a dor, crucificarmos o nosso eu e pedirmos a Deus que faça a vontade dele, e não a nossa. Não é fácil. Sempre haverá resistência para liberar o perdão. Será preciso esvaziar a alma da amargura, da tristeza, e encher-nos do Espírito santo para perdoar. Mas Ele nos ajudará, e venceremos, independente das circunstâncias, quer quem nos ofendeu nos ame e peça-nos perdão, quer não.

   Além disso, quando perdoamos, espiritualmente nos tornamos mais parecidos com Cristo; emocionalmente nos tornamos mais equilibrados e maduros, trabalhando melhor nossos relacionamentos com nós mesmos e com nosso próximo; fisicamente, evitamos muitas doenças, e financeiramente prosperamos, pois só então nossa oferta é aceita por Deus (Mt 5.23).